Quiet Luxury
A expressão quiet luxury, ou luxo silencioso, tornou-se conhecida em 2023 como uma tendência de moda refletida em roupas mais discretas, tons suaves, sem excessos e de alta qualidade.
Mas será que quiet luxury é somente uma tendência de moda?
Na sua essência, quiet luxury vai além de itens de moda e de um novo léxico do universo fashion, reflete um estilo de vida de uma elite tradicional consumidora de luxo que sempre prezou pela elegância, discrição e essência dos objetos.
Para entender melhor esse comportamento, vale refletir sobre a evolução do luxo nos últimos anos. Na década de 80 as grandes marcas de luxo decidiram explorar outros mercados além do tradicional eixo europeu (França – Itália – Inglaterra) e expandiram seus negócios globalmente, nesse mesmo período, inclusive, vimos o surgimento dos grandes conglomerados de luxo liderados pela LVMH em 1987.
Produtos e marcas que, até então, eram consumidos por uma elite tradicional e intelectual do luxo, passaram a ser objeto de desejo de uma nova elite de consumidores que, na sua grande maioria, experienciavam as glórias de viver uma importante mobilidade social.
Sendo a mobilidade social uma das formas de distinção de consumidores de luxo, essa nova elite do luxo possuía motivadores de compras diferentes da elite tradicional. As marcas adaptaram os seus produtos e portfólios carregando-os de signos visíveis do luxo, excessos e logos, tudo isso para atender a esses motivadores dessa nova clientela.
Enquanto os novos consumidores associavam a exibição e o excesso à demonstração de riqueza, e dessa forma buscavam aceitação e pertencimento, a elite consumidora associava a exibição e o excesso à falta de refinamento e sofisticação.
Uma nobreza que sempre associou elegância a qualidade superior, matérias-primas nobres, savoir-faire, herança e tradição dos produtos, em detrimento de logos excessivos e outros signos visíveis e facilmente notados e reconhecíveis pela maioria das pessoas.
Dessa forma, o quiet luxury é muito mais que uma tendência de moda refletido em roupas e acessórios, mas sim um estilo de vida refletido no comportamento, na elegância de viver, no savoir-vivre distinto de pessoas que exibem a sua riqueza de forma sutil e discreta, sendo reconhecido apenas pelos conhecedores desse mesmo estilo e pertencentes ao ciclo.
Afinal, parafraseando Coco Chanel, “A moda passa, o estilo permanece.”